6 de mai. de 2014

...

... porque há sempre algo que se move;
talvez os ponteiros de um relógio
em rotação contrária
talvez um andar de costas 
pisando nos mesmos passos
talvez uma palavra...um retrato...

...porque há sempre uma pontada estranha
numa ferida já cicatrizada
há sempre outonos frios
chuvas nas vidraças
Há um quê de não se saber de quê...
Há essa confusão atordoada
de uma lembrança morta e enterrada
Mas tudo isso é  breve  e logo logo passa...


6 de fev. de 2014

Divagando




De ontem só a lembrança do que não foi
Lembrança boa... talvez porque não tenha sido...
e as possibilidades passam a ser muitas
num sonho não vivido...

regina ragazzi

28 de jan. de 2014

Quando a noite não passa e tudo fica ão



Quando a noite não passa e tudo fica.ão
aos olhos, aos ouvidos, em todos os sentidos
A gota que pinga de uma torneira mal fechada
O latido de um cão, de dois cães, de três...
A noite mais negra do que o negro que ela tem

E quando tudo se aquieta, o silêncio se agiganta e dói de ouvir
Os bichinhos se tornam monstrinhos (inhos e ões)
E até um pássaro canta agourento
(Aquele pássaro-pensamento que cantou suave quando era dia...)
(...de tudo, é o que mais amedronta)

E os ponteiros do relógio cada vez mais lentos
(Graças que ele é mudo no seu tic-tac...)
Só a cama fica pequena pra tanto revirar
Os olhos teimam, o corpo teima
(...e o pássaro continua a cantar)
E tudo se arrasta interminavelmente num jeito de não acabar


regina ragazzi








11 de jan. de 2014

Janeiros

Pesam-me os janeiros
Esses dias mal curados
sob calores intensos
que não acaloram mais
que não ventilam mais
que não consolam mais
que nem existem mais
Esses dias que são 
dias nenhum

regina ragazzi


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